Sobre o "ritmo Brega" ter sido reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial em Recife, na minha humilde opinião, é difícil precisar uma data e local sobre quem criou o ritmo Brega, pois o Brega existe há décadas, em todo o Brasil, melhor dizendo, a música Brega, estigmatizada pela "mídia especializada" músico cultural como cultura musical "piegas", "de mau gosto", "de letras sofridas, depressivas", onde os cantores representantes do gênero musical não ligam para vestimentas chiques, de alto padrão, elitizada, e sim, são cantores que se apresentam com roupas simples, às vezes até com roupas do dia-a-dia motivados por traições amorosas registradas em letras musicadas, porém, caracterizados de forma colorida, com cores fortes e vibrantes, para talvez contrastar com o lamento em suas letras e simplicidade harmônica, usando do humor e uma pitada de "masoquismo anárquico involuntário", talvez para tentar chamar a atenção do público e mídia.
Os cantores de Brega são felizes do jeito deles é cada região tem sua peculiaridade. O Brega de Recife é muito antigo, assim como o do Pará, o é. Difícil dizer que há um estado predominante no gênero e a escolha do Brega como Patrimônio Cultural Imaterial não necessariamente faz de alguém ou algum estado, dono do Brega, em sua plenitude. Apenas registra-se oficialmente um formato de Brega da forma que é visto e absorvido pela população ou autoridades locais. Para eles, é algo de grande relevância, é cultura, é importante. O Brega, como ritmo, tem inúmeras vertentes, em todo o Brasil, mas, serão sempre co-irmãos, 'irmãos siameses', por assim dizer, sendo que cada um tem sua própria identidade sonora, musical, suas influências rítmicas e de timbres peculiares de cada região, tem particularidades de diversos produtores musicais, compositores de várias influências, etc. Se não, vejamos por exemplo o Brega paraense. O Brega paraense é diferente do Brega produzido em Recife e em todo o Brasil, isso não significa que seja melhor nem pior. Jamais! Nosso Brega Pop, o Calypso Paraense, o BREGA PARAENSE, é diferente. É, digamos, um pouco mais vibrante, mais dançante, mais coreógrafo tanto à dois, quanto individual, tem elementos musicais peculiares de músicos paraenses que são influenciados pela música latina de Trinidad e Tobago, Guiana Francesa, e de forma mais jovem, tem influências e fusões advindas de várias fontes, como: Rockabilly, iê, iê, iê, twist, Ska, entre outros. Por isso talvez difere no ritmo, na bateria e percussão, levadas de guitarras diferentes, letras um pouco diferente, enfim... E, sim, Recife abraçou o Brega do Pará e o ajudou a projetá-lo para o Brasil, para o mundo, não como propriedade deles, mas como um encontro de artistas irmãos, um encontro em família numa grande festa. Ambos se completam.
Não acho que há demérito para o Brega paraense o fato do Brega de Recife ter sido elevado a Patrimônio Cultural Imaterial, fruto do trabalho dos artistas, reconhecido e aclamado por seus vereadores e demais autoridades. O Brega Paraense não foi relegado ao sub mundo e muito menos usurpado e sim, agregado, mas, mantendo sua própria história e nascedouro, sua raiz paraense, está tudo registrado. Recife abraçou e teve parte fundamental na projeção do nosso ritmo Brega Paraense para o Brasil e para boa parte do Mundo, através da Banda paraense, a Banda Calypso (o ápice), mas antes, por muitos outros importantes artistas como: Vavá da Matinha, Teddy Max, Juca Medalha, Luís Guilherme, Mauro Cotta, Fernando Belém, Waldo César, Ditão, Gérson Thirrê, Adilson Ribeiro, Roberto Villar, Wanderley Andrade, Edilson Morenno, Tonny Brasil, Kim Marques, Alberto Morenno, O Anormal do Brega, Banda Xeiro Verde, entre outros de igual importância. Todos sabem a história e Recife têm inúmeros cantores de bregas talvez mais antigos oriundos de, ou até bem antes da Jovem Guarda e no Pará, também.
Que os nossos ilustres Deputados Estaduais e demais autoridades competentes, também elevem o "Brega Paraense ao patamar de Patrimônio Cultural do estado" (A Deputada Estadual Ana Cunha, entrou com o Projeto de Lei, na Assembléia Legislativa, dia 04/06/2021). Sugestão: "BREGA PARAENSE, PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL" - e junto com Recife, que sempre abriu as portas e valorizou os artistas do Pará e muitos artistas de Recife também gravaram seus Vinis e CDs aqui no Pará, continuem esta saudável irmandade através da música, da festa do Brega, da festa em família. Viva o Brega!!
Autor: Jr. Neves, cantor e compositor paraense.