Imagem por Andrew Martin de Pixabay

Parece piada, mas é verdade. Existe um pequeno grupo de artistas voltado ao gênero musical, ritmo, festa, que agora é Patrimônio Cultural Imaterial Paraense (Projeto de Lei No 9.310/2021, da Deputada Estadual Ana Cunha), que, quando não tem o que fazer, fica patrulhando a história musical de alguns, só alguns, sim, de forma bem seletiva.

Esse grupo, através de devaneios, intitula-se "donos do Brega", por se acharem, digamos, "A velha guarda" do gênero musical. Mesmo a maioria deles tendo migrado da MPB e outros gêneros musicais como Jovem Guarda, músicas nacionais e internacionais consideradas bregas por serem românticas demais, consideradas "mamão com açúcar" pela imprensa brasileira, outros artistas vindo do sertanejo, de bailes nas noites onde cantavam tudo, até as músicas europeias que de alguma forma influenciaram o Brega nacional.

Enfim, a grande maioria, com raras exceções, não começou a carreira cantando o gênero musical, o ritmo Brega (uma das exceções de cantores que começou a carreira cantando Brega, foi Waldo o César, nos anos 80), mas agem como se, já na barriga da mãe, tivessem nascidos bregueiros e donos de tudo. Assim nasce a patrulha do "genuíno bregueiro", criticando quem começou cantando rock, cantando axé, cantando samba, etc. Mesmo tendo muitos músicos e produtores musicais de renome, vindo do berço musical de igrejas, eles querem cercear a liberdade individual musical do ser humano, pasmem, através de comentários jocosos, tentando desmerecer quem também já construiu sua história na música, incluindo o mercado do Brega, quem ajudou a construir a história do Brega dos anos 90, por exemplo, quem tem inúmeros sucessos seja como cantor, ou, como compositor. Quem será que lhes outorgou o poder de ditar o que deve, como deve, e de onde deve ser pautada a carreira artística de um indivíduo? Seria eles os "Donos do Brega" e não sabíamos? Teríamos que "pagar pedágio", pedir uma espécie de benção ou licença para compor, cantar, gravar ou produzir o gênero musical Brega? Segundo essa teoria de que cantor de brega não pode ter passado por uma escola de rock (riquíssima, por sinal).


https://www.youtube.com/watch?v=QkMVscR5YOo

Quantos cantores e Produtores vieram de outros nichos musicais e com grande talento, vieram somar e enriquecer ainda mais o gênero musical Brega? Um cantor que faz essa lamentável "patrulha do brega", essa exclusão infantil, então não poderia cantar em seus shows um forró, um xote, um Carimbó. Enfim, só poderia cantar o "genuíno Brega", que nem bem tem como classificá-lo, por suas inúmeras definições históricas e pessoais, que tem ramificações e influências musicais por todo o Brasil, afinal: "Toda unanimidade é burra", já dizia o escritor Nelson Rodrigues. Isso tudo é uma grande bobagem, pois se houvesse unanimidade em um só formato, seria uma pobreza musical sem precedentes, ao passo que o melhor do gênero musical Brega é a diversidade rítmica (levadas), diversidade de timbragens, é a pluralidade e fusões de influências sonoras individuais e coletivas, e é isso que enriquece o Gênero musical (ritmo) Brega, em todo o Brasil, e principalmente no Pará que tem um suingue diferente, e faz com que ele não se torne um ritmo mono, monótono, incolor, chato, morto.

Por isso o Brega tem sua essência dançante, vibrante, apesar da maioria das letras serem de sofrimentos amorosos. O gênero musical, o ritmo, a festa Brega é livre, é plural, é individual e coletivo, é mágico, é vibrante, e contagiante, é de todos, pois todos têm sua importante parcela de contribuição! Então, chega de divisões, desunião que já é escassa, por bobagens e vamos produzir, compor, cantar, respeitar a história de cada um e viver a vida.

Viva o ritmo Brega! Viva a alegria BREGA! Viva os "anormais do Brega".

Jr. Neves.

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